Rubio pode politizar negociação com Brasil, alerta especialista

Roberto Azevêdo aponta nomeação do secretário de Estado dos EUA como risco nas negociações com o Brasil.

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Diálogo Lula-Trump Apresenta Pontos Positivos, Apesar de Preocupações

O ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, avaliou positivamente a conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), ocorrida na segunda-feira (6.out.2025). Segundo Azevêdo, o principal aspecto positivo do encontro é a abertura para o diálogo bilateral, que antes era inexistente. No entanto, a designação do secretário de Estado Marco Rubio para liderar as negociações suscita algumas preocupações.

“No caso do Brasil, especificamente, era o Departamento de Estado, porque havia uma dimensão política muito forte, predominante no caso brasileiro”, declarou Azevêdo à CNN. “O que dá a entender que a nomeação do Marco Rubio pode indicar que a dimensão política continua. Mas isso a gente vai ter que ver. Vamos esperar, vamos ver como as conversas evoluem daqui para frente”.

Marco Rubio é conhecido por suas críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Em 11 de setembro, Trump declarou que os EUA iriam responder à condenação de Jair Bolsonaro (PL). Onze dias depois, anunciou a aplicação da Lei Magnitsky contra a advogada Viviane Barci de Moraes e a empresa da família.

Do lado brasileiro, as tratativas serão lideradas pelo chanceler Mauro Vieira, pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Durante a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em 23 de setembro, o presidente dos EUA declarou que cumprimentou Lula antes de discursar e que os dois se abraçaram. Disse que houve uma “química” entre eles e que combinaram um encontro.

Azevêdo afirmou que essa primeira abertura “foi uma oportunidade que se descortinava para o diálogo bilateral, que era inexistente”. Disse também que havia dúvidas sobre a continuidade do processo e classificou a conversa como “muito boa”.

“Mais do que o que a gente vê nas linhas dos vários comunicados é o tom. O tom, sobretudo norte-americano —o presidente Trump postou depois nas redes sociais o seu entendimento do que houve na conversa. Um tom muito positivo, muito descontraído”, declarou. A conversa, que durou 30 minutos, foi considerada “amistosa”. Alckmin também participou, assim como os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Sidônio Palmeira (Secom) e o assessor especial Celso Amorim.

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