Setor da construção reduz projeções devido ao alto juro

Recuo nas previsões de crescimento da construção reflete desaquecimento da economia brasileira.

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(Imagem de reprodução da internet).

Previsões de Crescimento na Construção Civil Revisadas para Baixo

A alta nos juros financeiros já está impactando o setor da construção civil, levando a uma revisão pessimista das projeções de crescimento para o ano. A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) reduziu sua previsão de alta nas vendas do setor de 2,8% para 1,8%.

Redução nas Estimativas do PIB

Essa tendência de revisão não é exclusiva da Abramat. O Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV) também ajustaram suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) da construção, de 3% para 2,2%.

Fatores que Influenciam a Revisão

A deterioração das expectativas se deve principalmente à manutenção dos juros básicos da economia brasileira em um patamar elevado, sem sinais de cortes previstos para 2025. Além disso, o aumento da incerteza econômica geral contribui para essa revisão.

Impactos do Juro Alto no Setor

O presidente da Abramat, Paulo Engler, destacou que o juro alto está prejudicando o consumo das famílias, que dependem de financiamento para a compra de materiais de construção. A manutenção da taxa Selic em 15% sem perspectiva de queda gera incertezas sobre o investimento em reformas residenciais.

Engler observou que a redução no consumo de materiais foi sentida em todos os segmentos – varejo, incorporação imobiliária e infraestrutura – com o varejo sendo o principal afetado. A diminuição do giro nas compras de materiais também é notável.

Perspectivas da FGV e Contratações

A coordenadora de estudos da construção da FGV, Ana Maria Castelo, confirmou a perda de fôlego das famílias, mencionando que o consumo de materiais para obras e reformas desacelerou nos últimos meses. Castelo também apontou a redução no ritmo de contratação pelas construtoras, apesar do volume de novos projetos anunciados.

A desaceleração do mercado de trabalho, segundo Castelo, pode estar relacionada à decisão dos empresários de adiar o início das obras devido ao alto custo do financiamento.

Dificuldades de Crédito e Dados da Abecip

O financiamento com recursos da poupança para a construção de imóveis no país caiu 54% entre o primeiro semestre de 2024 e o mesmo período de 2025, atingindo R$ 9,1 bilhões, conforme levantamento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Isso demonstra as dificuldades das empresas em obter financiamento bancário.

Segundo a consultoria Brain, Fábio Tadeu Araújo, a taxa de juro impacta significativamente o dia a dia das empresas. 52% das companhias relataram dificuldades para obter crédito neste ano, enquanto 34% consideram a situação ‘muito mais difícil’.

Desaquecimento da Economia Brasileira

A revisão das previsões de crescimento do PIB da construção reflete o desaquecimento da economia brasileira como um todo. Após uma alta de 1,3% no primeiro trimestre, o PIB brasileiro desacelerou para 0,4% no segundo trimestre de 2025, impactado pela elevação da taxa Selic. O PIB da construção civil também apresentou queda de 0,2% no mesmo período.

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