Sparta Alerta: Correção Surpreende Debêntures de Infraestrutura

Debêntures de Infraestrutura: Uma Surpresa no Mercado

A carta mensal da Sparta revela uma reviravolta inesperada no mercado de debêntures de infraestrutura. Após meses de forte demanda e quedas nos spreads – a diferença entre a taxa de juros de títulos privados e títulos públicos – o setor passou por uma correção que surpreendeu investidores e gestores de fundos.

A situação chegou a um ponto em que até mesmo os fundos incentivados, com proteção contra a abertura de spreads, registraram retornos negativos no mês passado.

Fim da Corrida: O Que Aconteceu?

A euforia inicial foi impulsionada pelo fim da Medida Provisória 1.303/25, que discutia mudanças na tributação dos títulos isentos de IR. Investidores anteciparam aplicações com base nessa expectativa. No auge, os spreads das debêntures incentivadas chegaram a níveis negativos em relação aos títulos públicos, o que não condizia com o risco assumido, visto que são dívidas de empresas privadas.

Entretanto, com o benefício fiscal, o saldo ainda era positivo, e os gestores, incluindo a Sparta, acreditaram que a demanda iria se sustentar.

Spreads Comprimidos e a Realidade

No entanto, a realidade se mostrou diferente. Sem o risco de isenção de IR, a demanda real se mostrou menor do que o esperado. Grandes fundos incentivados, inclusive da Sparta, começaram a fechar para captação. Isso foi um alerta para o mercado: se quem conhece o universo por dentro está puxando o freio, tem algo errado.

Os spreads estavam muito comprimidos, atingindo níveis pouco justificáveis pelos fundamentos, como apontava a gestora.

Resgates e o Ciclo Vicioso

Sem os fundos compradores, os preços das debêntures incentivadas recuaram rapidamente e os spreads se abriram, deixando os fundos no vermelho. A preocupação da Sparta é que isso leve a uma onda de resgates por investidores do varejo. “Historicamente, quando os fundos que têm proteção contra abertura de spreads têm retornos mensais negativos, vemos uma onda de resgates nos meses seguintes”, diz a Sparta.

Se isso acontecer, a já escassa demanda estimada para os próximos meses pode nem existir, levando a um ciclo vicioso de retornos negativos nos fundos e saída dos investidores.

Oportunidade no Longo Prazo

Apesar do cenário desafiador, a Sparta acredita que a abertura dos spreads se mostra uma oportunidade. “Nossa principal hipótese era de que uma abertura viria apenas com a queda das taxas de juros, compensando a redução do benefício fiscal. Mas o ponto de virada pode ter sido este, e a janela de alocação pode se abrir mais cedo do que esperávamos, já nos próximos meses”, diz a carta.

Os ativos que podem captar essa oportunidade são os fundos de infraestrutura (FI-Infra) listados em bolsa.

Os FI-Infra são fundos fechados, com capital permanente, o que significa que não sofrem com pedidos de resgate, ao contrário dos fundos abertos que estão no vermelho. Essa característica dá aos gestores liberdade para atravessar períodos de oscilação de preços nas debêntures incentivadas, sem precisar vender os ativos em momentos desfavoráveis.

Para a Sparta, a volatilidade atual é venha da dinâmica de oferta e demanda, e não de questões estruturais do mercado de crédito. Os juros continuam altos, assim como a remuneração das debêntures incentivadas e dos fundos de infraestrutura.

Dos sete fundos abertos da Sparta, seis registram remuneração acima de dois dígitos no acumulado do ano até outubro. Os três FI-Infra fechados, listados em bolsa, mantêm o padrão.

“A mudança na dinâmica dos ativos isentos traz novas perspectivas, especialmente para os fundos como os FI-Infras listados, além daqueles com indexadores diferentes do CDI.”