Trump e brigas impulsionam Brasil a superpotência da soja, aponta a Economist
Produtores brasileiros celebram fim das tarifas de Trump, enquanto agricultores americanos enfrentam crise devido à resistência chinesa à soja.

Brasil Consolida Posição como Potência Mundial da Soja
Apesar do que se costuma dizer sobre guerras comerciais, o Brasil emergiu como um grande beneficiário das tensões comerciais iniciadas por Donald Trump. A revista britânica The Economist destaca como o país se consolidou como a superpotência mundial da soja, impulsionado pelas ações do ex-presidente americano.
Enquanto os produtores de soja nos Estados Unidos enfrentam dificuldades, com a China, seu principal cliente, recusando-se a comprar soja em retaliação às tarifas de Trump, os agricultores brasileiros estão em uma situação de eufória. Essa dinâmica se intensificou com a segunda guerra comercial de Trump, que se tornou o “antídoto perfeito” para os produtores brasileiros.
O cenário de alta demanda permitiu que as exportações brasileiras de soja se aproximassem de 110 milhões de toneladas em >
2025. Esse volume elevado compensa as perdas de exportação que o país sofreu devido à tarifa de 50% imposta por Trump sobre outros bens brasileiros, como carne bovina e café.
A situação transformou um possível excesso de colheita em um estoque estratégico com destino certo. Os agricultores brasileiros demonstram confiança e tranquilidade, mesmo podendo se proteger contra quedas de preço através da venda antecipada da colheita, aguardando o momento ideal.
O calendário de colheita brasileiro também favorece a posição do país. A safra recorde que está sendo plantada atualmente só será colhida em janeiro, quando a safra americana já estará esgotada, com seus estoques reduzidos.
Mesmo que Trump e Xi Jinping cheguem a um acordo, o cenário de longo prazo continua favorável ao Brasil. Tanto os fornecedores americanos quanto os compradores chineses buscarão reduzir a dependência mútua, com o Brasil pronto para preencher essa lacuna. A diminuição da área plantada nos EUA, com agricultores mudando para o milho, e as vantagens estruturais do Brasil – qualidade superior da soja, alta produtividade e tamanho do setor agrícola – reforçam essa posição.
A forte demanda interna do Brasil por soja, para a produção de biocombustíveis, e o amplo espaço para expansão no interior do país, complementam o cenário. Atualmente, os Estados Unidos ainda levam vantagem em suas ferrovias e portos, mas o boom de infraestrutura no Brasil tem potencial para eliminar essa diferença.