Vale Recompra Debêntures em Movimento de Ajuste de Capital
No início deste mês, a Vale (VALE3) anunciou a recompras de debêntures participativas da 6ª emissão, datada de 1997. A iniciativa visa otimizar a estrutura de capital da empresa, gerenciar passivos financeiros e aumentar a liquidez disponível para os investidores.
No entanto, a avaliação da XP Investimentos sobre a decisão não é totalmente positiva. Em relatório divulgado nesta terça-feira (7), a corretora estima que a recompra pode reduzir a probabilidade de pagamentos extraordinários de dividendos no curto prazo.
O processo envolve a compra de 388.559.056 debêntures em circulação, com um custo total de até R$ 16,3 bilhões para a Vale (VALE3). Os detentores dos títulos terão até 31 de outubro, às 19h20, para manifestar interesse na venda.
A liquidação financeira está prevista para 5 de novembro. A XP Investimentos ainda não tem clareza sobre a taxa de aceitação da oferta pelos detentores dos títulos.
Debêntures e Dividendos: Uma Relação
Quando uma empresa recompra debêntures, sua dívida total diminui. Isso pode resultar em um aumento no lucro líquido e, consequentemente, na distribuição de dividendos a longo prazo.
Contudo, no curto prazo, a situação pode não ser tão favorável para os acionistas. As debêntures que a Vale (VALE3) pretende recomprar não estão incluídas no conceito de dívida líquida expandida da companhia, segundo a XP. A meta para essa dívida está entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.
Perspectivas de Longo Prazo
Apesar do impacto potencial nos dividendos no curto prazo, a XP Investimentos considera a operação positiva do ponto de vista financeiro. A oferta da Vale para comprar até 100% das debêntures participativas é vista como uma alocação de capital eficiente.
Os analistas da XP argumentam que os rendimentos implícitos dos papéis são superiores ao custo de captação da companhia, estimado em quase 5,5%. A instituição calcula que o retorno da Vale sobre o preço para recomprar as debêntures seria de 9% a 10% em termos reais.
Para realizar esse cálculo, a XP considerou um desembolso semelhante ao do primeiro semestre de 2025 (equivalente a aproximadamente 1% da receita de minério de ferro) como referência para os pagamentos futuros aos debenturistas. Além disso, o preço de R$ 42 por debênture oferece um prêmio de quase 15% em relação às cotações recentes, entre R$ 36 e R$ 37.
Com base nisso, o valor presente líquido (VPL) estimado da operação é de aproximadamente US$ 1,2 bilhão. Essa quantia representa 2,5% do valor de mercado da mineradora, caso todas as debêntures sejam recompradas.