Possível Venda da Warner: Impactos no Cinema e Shoppings
A incerteza paira sobre o futuro da Warner Bros., com a Netflix e a Paramount disputando a aquisição da produtora de filmes e séries. A perspectiva de que a Warner, incluindo a HBO e o serviço de streaming HBO Max, caia nas mãos de uma gigante do streaming levanta preocupações significativas para a indústria cinematográfica e para o setor de shoppings no Brasil.
A principal preocupação reside no potencial impacto na produção e distribuição de filmes. Especialistas temem que a concentração de poder nas mãos de plataformas de streaming possa direcionar a produção para séries, que tendem a manter a audiência por períodos mais longos, em detrimento dos cinemas.
A redução do tempo de exibição dos filmes nas salas, como apontam associações, representaria um duro golpe para a indústria cinematográfica.
A Associação das Empresas Operadoras de Multiplex (Abraplex) e a Federação das Empresas Cinematográficas (Feneec) alertam para um processo de consolidação global que pode definir o ritmo de lançamento e a duração comercial das obras, impactando diretamente a receita dos cinemas.
Impactos nos Shoppings: Uma Relação Complexa
A relação entre cinemas e shoppings sempre foi de sinergia, com as exibições de filmes atraindo multidões para os centros de compras, impulsionando o movimento de lojas e restaurantes. No entanto, a possível venda da Warner para um serviço de streaming pode alterar essa dinâmica.
Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, acredita que a venda da Warner pode espremer ainda mais as exibições nos cinemas, afetando o fluxo nos shoppings, que dependem da frequência dos visitantes. Ele observa que o shopping precisa de recorrência e que a redução do público nos cinemas pode impactar negativamente o movimento de pessoas.
Dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) mostram que as visitas aos shoppings estão 22% abaixo do nível de 2019, antes da pandemia, e a bilheteria dos cinemas é 37% menor nessa mesma base de comparação. Essa correlação entre a queda da frequência nos cinemas e a redução da bilheteria sugere uma relação de causa e efeito.
Perspectivas e Adaptações
Apesar das preocupações, alguns especialistas acreditam que os shoppings têm condições de se adaptar a essa nova realidade. Cláudio Sallum, sócio da Lumine, administra e consultoria de shoppings, estima que o cinema responde por cerca de 8% do movimento de pessoas nos shoppings e que a perda desse público representaria um impacto limitado, entre 0,8% e 1,6% da visitação total.
Sallum ressalta que o shopping é um organismo vivo, adaptável às mudanças no comportamento dos consumidores, e que a experiência de combinar filme com um passeio, jantar e compras continua sendo um hábito consolidado entre os brasileiros. Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, também acredita que os shoppings têm condições de superar eventuais mudanças, adaptando seu mix de atrações à análise de demanda.
Conclusão
A incerteza em torno da venda da Warner Bros. representa um momento crucial para a indústria cinematográfica e para o setor de shoppings no Brasil. A adaptação a essa nova dinâmica, que envolve a ascensão do streaming e a necessidade de diversificar as atrações, será fundamental para garantir a sustentabilidade e o sucesso dos empreendimentos.
