Reestruturação dos Correios: Plano Detalhado e Necessidade de Novas Captações
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, apresentou um plano abrangente de reestruturação da companhia, visando solucionar a crise financeira. O plano envolve a captação de R$ 20 bilhões, sendo que R$ 8 bilhões ainda são necessários. A estratégia inclui a revisão da governança, metas para funcionários e otimização da gestão de ativos.
Rondon enfatizou a importância de monitorar o mercado para definir as próximas etapas da captação de recursos.
Um dos pilares do plano é o Programa de Demissão Voluntária (PDV), que, segundo Rondon, deve gerar uma economia anual de R$ 2,1 bilhões a partir de 2028. O PDV, que inclui o fechamento de mil agências deficitárias e a adesão de até 15 mil empregados entre 2026 e 2027, exige um investimento para reduzir os gastos com folha de pagamento em 18%.
O programa visa evitar o aumento da judicialização e garantir a continuidade da força de trabalho da empresa.
Além do PDV, o plano prevê a alienação de imóveis sem uso operacional, com expectativa de gerar R$ 1,5 bilhão em receitas extraordinárias. Rondon destacou que as iniciativas de redução de despesas somarão R$ 5 bilhões até 2028. A empresa enfrenta um déficit estrutural de mais de R$ 4 bilhões anuais devido à universalização do serviço postal em locais remotos, onde 90% das despesas têm perfil fixo e a folha de pagamento representa 62% do total.
A reestruturação também inclui a revisão do plano de saúde da empresa, o Postal Saúde, com a expectativa de economizar entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões anuais a partir de 2027. A captação de R$ 12 bilhões com cinco bancos (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) é vista como fundamental para a retomada da confiança e a retomada da operação.
A empresa prevê que, após três anos de carência, os R$ 12 bilhões serão pagos mensalmente.
O Tesouro Nacional, por meio do secretário Rogério Ceron, monitorará de perto a execução do plano. A empresa necessita de um aporte adicional de R$ 8 bilhões para fechar suas contas, que pode ser feito por meio de um aporte do Tesouro. Rondon ressaltou que o modelo de negócios dos Correios passou por uma inflexão em 2016, com o aumento da relevância das encomendas em relação às cartas, uma tendência observada em outros países.
