A renomada casa de joias Fabergé, símbolo de luxo por mais de um século, passará para outra gestão. Com uma transação avaliada em US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 272 milhões), a Fabergé Ltd. deixa de fazer parte do Gemfields Group e agora operará sob a SMG Capital.
A joalheria, notória por suas elaboradas criações em forma de ovos luxosos, agora está sob o controle do empresário Sergei Mosunov. Russo residente no Reino Unido, Mosunov é um empreendedor de tecnologia, sócio da empresa de capital de risco The Garage Syndicate e parceiro da SMG Capital, uma firma de investimentos com sede nos Estados Unidos.
Com a negociação, a marca encerra um período de quase dez anos sob gestão da Gemfields, que a adquiriu em 2012 para fortalecer suas operações no mercado de gemas.
Fabergue e a crise no luxo
A Gemfields tem implementado reestruturações estratégicas desde o final do ano anterior, buscando otimizar suas operações comerciais. Em 2024, a mineradora apresentou resultados negativos e uma queda de 19% na receita anual, que somou US$ 213 milhões.
A empresa, sediada em Londres e com operações de extração em Moçambique e Zâmbia, enfrentou o impacto de conflitos em Moçambique. Consequentemente, as ações da Gemfields desvalorizaram quase pela metade no último ano.
O contrato determina que a Gemfields receberá US$ 45 milhões de forma imediata. Os US$ 5 milhões restantes serão pagos por meio de parcelas trimestrais de royalties.
A venda representa o “encerre de um período”, convertendo a empresa em uma “alternativa de investimento mais enxuta e especializada”, conforme declarado pelo CEO da Gemfieds, Sean Gilbertson.
É importante ressaltar que o acordo se dá em cenário de crise global na indústria do luxo. O setor, inclusive, pode estar à margem dos piores contratempos dos últimos 15 anos, conforme análise da consultoria global Bain & Company.
A empresa dos ovos de ouro
Atualmente, a Fabergé opera em diversos setores. Contudo, sua tradição é reconhecida pela famosa série de 50 ovos de joias encomendados pela família imperial russa entre 1885 e 1916.
As criações são de Peter Carl Fabergé, filho do joalheiro Gustav Fabergé, fundador da Casa.
O primeiro destes ovos foi pedido em 1885 pelo czar Aleksandr III, como presente de Páscoa destinado à imperatriz Maria Feodorovna.
Nos trinta anos seguintes, a casa produziu cerca de 50 ovos imperiais. Entretanto, a Revolução Russa interrompeu bruscamente a atividade da Casa de Fabergê, com a ocupação das oficinas pelos bolcheviques e o fim definitivo da produção.
A revolução levou a família ao exílio e alguns dos ovos foram perdidos. Contudo, atualmente o valor dos originais é inestimável.
Após o fim de suas operações em 1917, a marca Fabergé permaneceu inativa por muitos anos. Foi retomada no mercado em 2009, quando apresentou sua primeira linha de produtos desde o período revolucionário russo.
Naquela revitalização, a grife passou, inclusive, a produzir joias de alto padrão, relógios e itens sob encomenda.
A compra pela Gemfields em 2012 representou uma estratégia para explorar o legado de Fabergé na divulgação de suas próprias gemas.
Fonte por: Seu Dinheiro